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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sobras.

Sobrou linha, fiz uma almofada. Sobrou retalhos, fiz uma colcha. O que eu não queria mais, fiz doação.



Verso em linha branca

DIT - Diálogo Interno Torturante

Le Penseur - Auguste Rodin

A lei do karma é extremamente importante na compreensão de Liberação através da audição. O que acontece conosco depois da morte não tem nada a ver com punição, destino ou poder superior, mas é inteiramente resultante de nossas próprias ações. É simplesmente a aplicação da lei universal, justiça universal. O Buda disse que se quisermos entender nossas vidas passadas, basta-nos olhar para as nossas condições atuais, porque elas são o resultado do passado. Se quisermos saber como a vida futura será, devemos examinar as ações presentes, porque são a causa do sofrimento futuro. Isso não quer dizer que podemos compor listas mecânicas de causas e efeitos; fatores externos e as ações de outras pessoas também desempenham grande papel na construção do destino e existem variáveis demais para se fazer predições exatas, principalmente sobre eventos e circunstâncias exteriores. Mas nossas reações a essas circunstâncias e o que fazemos delas são nossa inteira responsabilidade.

É no mundo interior dos pensamentos, emoções e reações que podemos realmente observar o mecanismo de causa e efeito. O karma funciona de momento a momento, assim como por longos períodos de tempo. Qualquer pensamento ou emoção que surge na mente cria um efeito; ele deixa seus traços ali e cada traço pode se reproduzir repetidamente. Raiva gera mais raiva; desejo gera mais desejo. Sempre que uma reação negativa se torne habitual, é posto em movimento um processo interminável, circular, de uma causa propiciando o surgimento de um efeito, em seguida aquele efeito se tornando uma causa semelhante e assim por diante, repetidamente. O que parece em um momento uma reação insignificante de aborrecimento ou ressentimento pode terminar envenenando a mente por horas ou mesmo dias.

Felizmente, a força do karma é igualmente poderosa em direções positivas. Felicidade gera mais felicidade tanto para nós quanto para os outros. Um sentimento de simpatia ou um ato de bondade cria as condições para uma bondade maior se desenvolver. Geralmente parece mais fácil pensar sobre o karma em termos de boas ou más ações significativas, impelindo-nos em direção a vidas futuras felizes ou infelizes. Mas é realmente a corrente de pensamentos mais comum, familiar e quase despercebida que está continuamente determinando o padrão de nosso destino. O sonhar acordado e o mexerico subconsciente, os pensamentos e preocupações habituais que passam pela nossa mente todo o tempo estão continuamente criando karma, perpetuando nosso senso de ser.

“Vazio Luminoso – Para entender o clássico Livro Tibetano dos Mortos” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 74 e 75.