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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um texto roubado.

"Todo mundo, ou quase, já passou por esse momento em que os problemas parecem tão graves e sem solução que a impressão é que desaparecemos como as gotas d´água que se perdem no oceano. E, não invariáveis vezes, algumas horas de lágrimas e um sono profundo fizeram não com que os problemas desaparecessem, mas parecessem menos assustadores.
Quando nos desesperamos, diminuímos, perdemos forças, perdemos visão, a fé fica invisível e o mundo torna-se um lugar grande demais, complicado demais e demasiado assustador. Nos tornamos quais crianças que olham os grandes com olhos assustados e coração batendo forte, como gigantes que poderiam levá-los de um momento para o outro. Não! Os problemas, por maiores que sejam, não devem devorar-nos, não podem ser assim tão impossíveis que a nossa fé não possa enfrentá-los. Não somos pequenos, menos ainda indefesos, apenas sujeitos ao vai e vem do dia-a-dia e sabemos por experiência que quanto mais distância tomamos das coisas, mais elas parecem pequenas aos nossos olhos."

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Leitura

E o monge leu no comentário sobre os votos dos monges: Não se sentar sobre uma almofada de couro...
Levantou-se, abriu a porta e jogou-o sobre banco coberto pela neve. Sentando-se novamente no chão, ele continuou a ler:
- A menos que você vive em um clima frio. Novamente ele se levantou, abriu a porta, recuperou a almofada de couro e sentou-se novamente.
É deste modo que colocamos em prática imediatamente.

Kundalini - Espírito Santo


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Mais comumente conhecido nas culturas ocidentais como o Espírito Santo, Kundalini é uma palavra em sânscrito para descrever a força de vida primal que dá anima a todos os seres vivos – é a força evolucionária por trás de toda matéria viva. Ela opera inconscientemente até que sejamos despertados através da iniciação de Shaktipat.
Shaktipat é uma palavra sânscrita para o processo de ativação da energia Kundalini-Shakti, iniciando o processo de crescimento espiritual e iluminação, o avanço da evolução pessoal de forma dramática.
Isto é chamado de "batismo de fogo...” uma experiência verdadeiramente mística sagrada. Receber ou ativar o Espírito Santo / Kundalini pode ser uma experiência profundamente comovente, de mudança de vida em qualquer circunstância.
O despertar da Kundalini permite um acesso para o que está muito além do reino humano normal e suas imaginações. Empreende-se um caminho de crescimento e transformação facilitada por suas próprias energias Divinas como elas trabalham incansavelmente para remover barreiras, romper limites pessoais e capacitá-lo para finalmente atingir os aspectos mais elevados da individualidade.”


Dr. Larry Jensen PhD, DD, MBA.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Saiba porque a mente possui 84 mil venenos. - Vya Estelar entrevista Lama Tsering por Angelo Medina

Lama Tsering: "O carma é algo criado por nós e tudo o que é criado pode ser alterado." 

Nesta entrevista ao Vya Estelar, Lama Tsering Everest ensina como dominar os venenos da mente, a raiva e alterar carma negativo em positivo. Ela explica a relação entre carma e impermanência, um dos principais alicerces da filosofia budista.

Nascida nos EUA, Lama Tsering foi por mais de onze anos, intérprete de S. Ema. Chagdud Rinpoche. Depois de completar em 1995, um retiro de três anos, recebeu a ordenação de Lama, sendo autorizada a dar ensinamentos e iniciações.

Neste mesmo ano, foi convidada a dar ensinamentos no Brasil, para onde se mudou logo depois. Reconhecida por seu estilo caloroso e bem-humorado, Lama Tsering foca seus ensinamentos no desenvolvimento da compaixão e na aplicação da filosofia budista na vida diária.  

Vya Estelar - O que são e quais são os venenos da mente?

Lama Tsering - Os venenos da mente são divididos em três categorias principais. A primeira é o apego ou desejo, que inclui o ficar preso física ou mentalmente a pessoas, objetos e fenômenos. A segunda é a raiva, que significa rejeitar, não querer, afastar algo de você. O terceiro é a ignorância, que significa não ter uma noção clara da vida, não compreender a natureza verdadeira das coisas. Estes venenos agem de maneira interdependente. O que ocorre é que, quando não temos uma visão real da vida, acabamos criando desejos e apegos. E quando não conseguimos o que queremos, criamos aversão e ficamos com raiva. Os venenos da mente agem como toxinas, criando energias mentais negativas. Estas energias são expressas em nossas ações, palavras e pensamentos, causando um sofrimento cíclico, em cadeia, que se repete infinitamente.

Vya Estelar - Existem 84.000 venenos na mente?

Lama Tsering - Sim. Eles são uma combinação dos três venenos principais, sendo que podemos adicionar a eles o orgulho e a inveja. Estas combinações vão ficando cada vez mais sofisticadas e representam as diferentes formas errôneas com que nossa mente pode atuar.

Vya Estelar - A raiva seria o principal veneno da mente?

Lama Tsering - A raiva é o veneno mais grosseiro e o que traz as conseqüências mais terríveis, cruas e diretas. O desejo é mais sutil e, em nossa sociedade atual, é até mesmo considerado uma coisa boa, apesar de trazer tanto sofrimento. Mas o veneno fundamental, realmente, é a ignorância, é o não reconhecimento da natureza verdadeira dos fenômenos. Não podemos dizer que a ignorância seja o pior veneno, mas ele é o primeiro, o que dá origem a todos os outros.

Vya Estelar - Como fazer para eliminar a raiva ou domá-la?

Lama Tsering - Há várias formas para começar a lidar com nossos venenos mentais. A primeira coisa a ser feita é reeducar-nos, no sentido de identificar os venenos em nossa própria mente, suas conseqüências e o que podemos esperar deles. Parece óbvio dizer que temos que nos reeducar, mas não é. Por exemplo, achamos que é OK ficar com raiva quando alguém faz algo errado conosco, nos fere, é injusto. E não é OK. A raiva é um veneno mental e produz experiências dolorosas para quem a sente, não importando se o motivo que a tenha criado seja "aparentemente justificável". Você tem que ser educado para saber que não deve tomar veneno de rato, por exemplo. Se você entender isso, vai saber que se tomar veneno de rato, ainda que o gosto seja doce, sofrerá um dano imenso.

Vya Estelar - Há um senso comum entre as pessoas de que devemos expressar nossa raiva, "pôr para fora". O Budismo acredita nisso de alguma forma?

Lama Tsering - Não, o Budismo não acredita nisso, porque os venenos da mente agem como um bumerangue. Se você atirar sua raiva adiante, o que você vai receber de volta é mais raiva. Nós não compreendemos que nossas ações, palavras e pensamentos são como bumerangues, e não como uma bola, que jogamos em direção a alguém e lá ela fica. O bumerangue é atirado adiante e ele volta. Quando não entendemos essa regra básica, nos tornamos nossas próprias vítimas e, feridos e ignorantes, jogamos o bumerangue de volta, causando sofrimento atrás de sofrimento. O Senhor Buda ensinou que é importante termos paciência, mesmo quando momentos difíceis acontecem, porque estes momentos são resultado de bumerangues lançados por nós mesmos, anteriormente. Se um bumerangue estiver voltando, aceite-o, tenha paciência, deixe que ele caia. Não atire mais três ou quatro de volta, porque eles também vão voltar.

Vya Estelar - É melhor "engolir" a raiva?

Lama Tsering - Melhor engolir do que cuspir de volta. Mas engolir também não ajuda. Por isso, precisamos nos reeducar. Temos que refletir e contemplar as conseqüências dos venenos mentais, para começarmos a obter elementos para lidar com eles. No entanto, o que precisamos realmente é cortar esses venenos. E isso conseguimos fazer através da meditação. Mas, enquanto não desenvolvermos estas técnicas de contemplação e meditação, precisamos evitar a raiva. Se ainda não tivermos os meios hábeis para lidar com a situação, é melhor correr do que reagir. Ou talvez você deva segurar sua respiração por um instante e esperar a raiva passar. Quando você estiver um pouco mais treinado, talvez não precise correr nem prender a respiração, e consiga converter a situação negativa em amor e compaixão. Talvez consiga transformar a raiva, lembrando-se de que todos querem ser felizes e as pessoas fazem o que fazem porque acham que aquilo trará felicidade. Ao lembrar-se disso, pode cultivar a compaixão e ver que você e aquela pessoa não são diferentes: você já agiu raivosamente antes porque achava que aquilo o faria feliz. E, compassivo pelo fato de que aquela pessoa não sabe das conseqüências que a raiva traz, você converte sua emoção negativa em emoções positivas, como amor e compaixão. E mais tarde, quando você já estiver ainda mais treinado, poderá não apenas converter o negativo em positivo, mas liberar as emoções negativas em sua própria essência, cuja natureza é a perfeição. Grandes mestres e praticantes lidam com sua raiva dessa forma. A raiva ocorre, mas ela é livre, assim como as nuvens, que ocorrem, mas dançam livres no céu.

Vya Estelar - O que é a impermanência?

Lama Tsering - Encare sua vida como se fosse um banco no parque, em uma tarde de clima ameno. Você vai até lá passar algumas horas, sentado, aproveitando tudo ao máximo: a brisa fresca, os pássaros cantando, as borboletas, o sol batendo no rosto. Tudo aquilo dura pouco tempo e vai chegar ao fim. Por isso, você deve aproveitar o momento e criar boas condições. Você não deve se apegar ao banco. Não tente colocar uma etiqueta nele com o seu nome, querendo mantê-lo para você! Isso vai impedi-lo de sentir o prazer e a liberdade de estar lá, simplesmente sentado. E se alguém se sentar com você, seja gentil, tratando-a com amor e compaixão. Não brigue com esta pessoa. Seu tempo é muito curto. Vocês estão ali apenas de passagem. Ao lembrarmos de que tudo na vida é impermanente e chega ao fim, podemos ser generosos com ela, sabendo que provavelmente ela nunca pensa no fato de que terá que deixar o banco em breve, assim como você. Todos nós queremos manter as coisas e não conseguimos. Temos que ter compaixão por elas, e por nós mesmos. Compreender a impermanência nos faz ricos: temos tudo neste momento e podemos ser generosos, abertos, decididos a fazer o que pudermos para beneficiar a todos com o nosso amor, sem medo de perder.

Vya Estelar - É possível reduzir o carma?

Lama Tsering - Sim, o carma é purificável através da educação e da meditação. O carma é algo criado por nós, e tudo o que é criado pode ser alterado. Só o que está além da criação - como a natureza absoluta da nossa mente - não pode ser alterado. Há duas formas de eliminar o carma negativo: uma delas é experienciar as situações da vida sem rejeitá-las, e recebê-las com amor e compaixão, transformando carma negativo em positivo; a outra forma é purificar o carma negativo antes de vivenciá-lo, e ir além do carma, não importando se ele é positivo ou negativo. Esta segunda maneira de abordar a questão é crucial, mas só pode acontecer depois de treinarmos nossa mente através de avançadas técnicas de meditação. De maneira mais imediata, a melhor coisa a ser feita é transformar carma negativo em carma positivo. Mas precisamos ter em mente que produzir carma positivo não é uma solução absoluta para nosso sofrimento. Porque todo carma, positivo ou negativo, é impermanente. Isso significa que, seja qual for o resultado positivo que você crie, ele também vai mudar, mais cedo ou mais tarde. É um ciclo: o que é positivo se transforma em negativo e o que é negativo, em positivo. A única saída é obter a realização da iluminação e tirar você e sua mente deste sistema cíclico de existência. Enquanto isso não ocorre, faça seu melhor e crie condições positivas para suas experiências futuras, aceitando o seu carma, vivendo-o da melhor forma posssível e o purificando.

Vya Estelar - Como fazer para terminar um relacionamento com alguém com quem não combinamos muito, sem criar carma negativo e nem sofrimento?

Lama Tsering - Podemos dizer que a principal religião de nossa sociedade atual é o amor - nossas músicas, nossos filmes e nossos anseios são todos a respeito de relacionamentos - e, no entanto, nós nem ao menos sabemos o que é o amor. As pessoas se preocupam muito com os relacionamentos mas, na verdade, elas se preocupam mesmo é consigo mesmas. Elas querem ter um amor porque isso fará com que elas se sintam bem. E o Budismo traz um novo paradigma a este respeito: amar é querer que o outro seja feliz. Ao amar, devemos nos preocupamos com o bem-estar do outro e não em atender aos nossos interesses. Se você está com uma pessoa, é por causa do carma. Enquanto estiver com ela, você deve fazê-la o mais feliz possível. E se você deve terminar ou não o relacionamento, vai depender se isso vai fazê-la mais feliz ou mais infeliz. Sua preocupação não deve ter nada a ver com a sua própria felicidade. Se você tiver isto em mente, é mais provável que tome a decisão mais correta. O relacionamento vai acabar de um jeito ou de outro. Lembre-se da impermanência: você e a outra pessoa não duram para sempre. O próprio relacionamento é impermanente e vai acabar naturalmente, quando não houver mais carma entre vocês. Então, aproveite o momento, e não se esqueça de pensar no bem-estar dos demais, mais do que no seu próprio. Isso é libertador.

http://www2.uol.com.br/vyaestelar/lama_tsering.htm


Continuando

Ainda estou sob o efeito do Niungne. Sinal que a coisa é forte. Estou achando a comida de casa tão estranha que mandei um e-mail prá Lama pedindo as diretrizes culinárias do Niungne. Aquela comida melhorou meu estômago e intestino. Estou até dormindo melhor! Com certeza é uma comida saudável!

Foi assim, Chicó!


Fantástico! Depois de postar uma coisa tão importante, me aparece um anúncio embaixo tipo "emagreça sei lá quantos quilos". Gente! Niungne não é um método de emagrecimento! Não façam isso sem a supervisão de um lama ou pessoa que tenha experiência e conhecimento.
Foi assim, Chicó!
Fui para o templo na sexta-feira e cheguei lá por volta das duas horas da tarde. Um calor! Ajudei a descascar e picar legumes. Nunca fiz tanto disso na minha vida. Comida prá vinte e cinco pessoas, muita gente ajudando. Minha mão ficou alaranjada do β-caroteno da cenoura.
O vôo do Maurian atrasou e ele só chegou às duas da madrugada. Mesmo assim, ninguém dormiu. Todo mundo esperou com um misto de paciência, alegria, expectativa e ansiedade. E, mesmo chegando neste horário, ele foi até nós e deu a iniciação. Gracinha! Depois, todo mundo "apagou"!
No sábado, a temperatura caiu drásticamente! Almoçamos fartamente ao meio-dia e pronto! Nada de comer nem beber. Depois, foi sem falar nenhuma única palavra!
Eu não senti nenhum desconforto como enjôo ou vômito que o Maurian mencionou que já aconteceu em outros retiros. A não ser o fato de já ter ido prá lá com uma gripe daquelas de nariz escorrendo e entupindo o tempo todo, tive muita dor de cabeça e dormi mal porque ficamos todos juntos no templo, cada um num colchonete ou em sacos de dormir. Muita gente roncou! Ai! Fazer o quê, né? Quem tá na chuva é prá se molhar!
Nada de perfumes. Banho, tudo bem, mas só. O voto de silêncio era engraçado, passar um pelo outro de cara fechada, séria, como se todo mundo estivesse de mal ou fossem estranhos. Quando pensava nisso, eu tinha que segurar o meu riso. Mas teve uma hora que o Luis ia passar e eu também aí um ia e o outro ia pro mesmo lado e nenhum dos dois passava e não seguramos. Rimos. Ele alto; eu pus a mão na boca. Como se adiantasse!
O domingo foi praticamente dormir e fazer prática. Na madrugada de domingo prá segunda, muita gente teve insônia, inclusive eu. E um frio daqueles de gelar os ossos! Bem que falaram prá gente se agasalhar melhor. Eu estava com todas as roupas que levei no meu corpo!
Só na segunda-feira de manhã é que acordamos para terminar. Devolvemos os votos e fomos tomar um desjejum bem gostoso: yogurt, canjica, café, torradas. Todo mundo irradiava uma felicidade indescritível.
Agora, vai falar prá quem não é budista que você pagou para não comer, não beber, não falar e ainda ficou horas sentado em lótus fazendo prática e recitando mantra, vai! Te internam!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Niung-ne

O buda da compaixão Avalokiteshvara (sãnscrito) ou Tchenrezig (tibet) de Mil Braços
(Clique para aumentar)

Nyungne é uma prática profunda de dois dias e meio, um período de tempo especialmente útil para as pessoas cujos horários não conseguem ajeitar um retiro a longo prazo. Envolve a manutenção de rigorosos votos, o segundo dia é dedicado ao jejum e silêncio completo. A meditação é centrada nas recitações, mantras e visualizações guiadas a Tchenrezig de Mil Braços, a personificação da bondade de todos os budas amor e compaixão. Traduzido como "permanecer em jejum", é dito que o Nyungne é eficaz na cura da doença, no cultivo da compaixão e purificação do karma negativo. A prática budista tibetana de Nyungne ("nyung-ney") vem ganhando atenção crescente nos centros budistas  e os participantes dizem que a prática purifica-os fisicamente e espiritualmente.

Niungne é um ritual de jejum praticado para a rápida purificação do carma negativo e para aumentar a felicidade de todos os seres. Cada Niungne tem a duração de dois dias e meio. No primeiro dia, acordamos antes do amanhecer e tomamos os oito votos (citados abaixo) e um café da manhã somente com alimentos líquidos e pastosos. Desse momento em diante, não devemos comer ovos nem carne. Depois das sessões da manhã, como última refeição das próximas 36 horas, um farto almoço é servido. O consumo da água e o ato de falar são permitidos até a hora de dormir, seja um cochilo durante o dia ou à noite. Ao acordar, no entanto, e ao longo do outro dia inteiro, o silêncio é mantido, exceto pela recitação de preces e liturgias, e não é permitido beber nem comer.

Os 8 votos:
(1) não matar;
(2) não roubar;
(3) não ter interações sexuais;
(4) não mentir;
(5) não usar perfumes, isto é, substâncias sedutoras, ou jóias, isto é, adornos atraentes;
(6) não dançar ou cantar, isto é, não manter atividades de entretenimento;
(7) não sentar em lugares altos ou camas luxuosas, isto é, conforto excessivo;
(8) não comer, a não ser nos períodos designados.

Também não é permitido comer carne, ovos, cebola, alho ou leguminosas brancas malcheirosas como o repolho. Também não é permitido usar substâncias intoxicantes. É importante manter-se mais agasalhado do que o normal ao fazer jejum.  

Niungne é um ritual de jejum praticado para a rápida purificação do carma negativo e para aumentar a felicidade de todos os seres. Cada Niungne tem a duração de dois dias.

Tomamos os oito votos de abstermo-nos de matar, roubar, ter relações sexuais, mentir, dormir em camas elevadas e tronos (isto é, luxo), cantar e dançar (isto é, entretenimento), usar perfumes e ornamentos (para aumentar a sedução) e o voto de silêncio. 

O oitavo voto é o de não comer depois do meio-dia.
No primeiro dia, podemos ingerir bebidas e alimentos líquidos e pastosos no café da manhã. No almoço comida vegetariana sem ovos, cebola, alho e repolho.

Deveremos almoçar assentados e, uma vez que levantemos após a refeição, poderemos ingerir, somente água até a hora de dormir ou após ter cochilado durante o dia. Não poderemos, nem mesmo, ingerir suco de fruta, leite, ou café. A partir desse momento não é permitido falar.

Na manhã seguinte, a partir do despertar, não bebemos, comemos ou falamos até o amanhecer do outro dia.

É dito que o benefício de fazer somente um Niungne, com disciplina estrita e com prática intensa, purifica o mal acumulado com o corpo, a fala e a mente por quarenta mil eons. A multiplicação do Sagadawa aumenta imensamente esta purificação.

O jejum de Niungne envolve algum desconforto, especialmente devido à sede. No entanto, a grande fonte de desconforto é o fato de que isto é realmente uma purificação - uma dor de cabeça - de purificar o carma para o reino dos infernos; a fome e a sede, o carma dos fantasmas famintos; o silêncio, o carma da fala tola que poderia conduzir ao reino dos animais. Se praticarmos estas austeridades com compaixão pelos outros que estão sofrendo desamparadamente, a purificação torna-se profunda e a prática alegre.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Livros.


De vez em quando compro livros e os coloco na prateleira. Não só pelo extremo prazer em comprá-los, mas por ter minha prateleira mais rica, posto que, para mim, livro é riqueza independente do preço que me tenha custado! Alguns nem mesmo tem preço!

Já faz algum tempo que comprei um pequenino volume, porém grosso chamado Malas, O Poder de Um Acessório de Anna Johnson. Não, não tem nada a ver com os malas tibetanos, os rosários do budismo. Menos ainda com as malas de viagem. Mas malas de mão, ou seja bolsas!

É que descobri que o tal livro é lusitano, português de Portugal e que nossa lingua deveria ser chamada de brasileirês, tamanha a diferença e diversidade dos termos. Pois saibam vocês que mala, em Portugal, é bolsa no Brasil. Então vejamos.

Deparei-me com a fotografia de uma mala cuja descrição é "ridículo otomano,1810". Ridículo. Lá vou eu consultar o Aurélio, o homem, o acadêmico e imortal a quem sempre exaltei, não somente o dicionário.

Ridículo. Bem, no final das contas, avaro, ou seja a tal mala, o tal ridículo é um acessório onde se guardavam moedas. E muito bem guardadas, bem típico de uma pessoa avarenta, ridícula!

Obrigada, dr. Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira que nada tem a ver com o cantor Chico!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aur%C3%A9lio_Buarque_de_Holanda_Ferreira

domingo, 2 de maio de 2010

O significado da palavra Mandala.



Mandala é uma palavra sânscrita para círculo de cura ou mundo inteiro. É uma representação do universo e de tudo que há nele. Khyil-khor é a palavra Tibetana para mandala e significa "centro do universo onde um ser totalmente iluminado habita". Os círculos sugerem totalidade, unidade, o útero, completude e eternidade. Elas não representam uma estranha realidade, e sim, um mundo iluminado que sempre existiu que é revelado quando as manchas da raiva, apêgo e ignorância são transformados. Paradoxalmente estes mundos iluminados são construídos das mesmas energias que nós, em nossa visão dualística, percebemos como raiva, apêgo e ignorância, mas no estado iluminado, inabalável, são vistos como força, compaixão e sabedoria. Portanto, mandalas são projetos arquitetônicos ou vistas aéreas de palácios celestiais constuídos de conceitos iluminados.

As Mandalas no Budismo Tibetano
Os monges tibetanos criam estas imagens arquetípicas para nos lembrar do ciclo de vida e morte. No Tibet, o processo de se criar uma mandala é tão importante quanto a mandala em si. Levam-se anos de preparação e treinamento para se ganhar a habilidade e conhecimento apropriado para pintar uma mandala. Mesmo quando se está apto para pintar, ainda é feita uma meditação de três dias antes que se deem as primeiras pinceladas. Existem muitos tipos de mandala no Tibet tais como a "transmutação de forças demoníacas" e "fortalezas cósmicas". As primeiras são reconhecidas por suas imagens de fogo sinistras, dragões e guerreiros onde se tem a impressão geral de dinâmica ou movimento de energias. As "fortalezas cósmicas" criam um visual de paz, de lugar seguro, repleto de deuses, deusas lótus e figuras angelicais que possuem a função de nos proteger e nos abençoar a medida que nos sintonizamos com o nosso próprio ser interior, aquele centro dentro de nós mesmos. As mandalas de areia são um tipo especial de se fazer mandalas desenvolvido por monges budistas tibetanos. Com padrões intrincados que refletem os vários tipos de compreensão, são criadas em uma superfície plana com areia fina colorida afunilada através de um fino tubo de metal, criando estas formas circulares em três dimensões. Elas podem ser apreciadas por sua beleza, pela variedade de cores e imagens intrincadas e detalhes meticulosos. Antigamente no Tibet era usada a areia moída de pedras coloridas para se fazer as mandalas. Hoje, pedras brancas são moídas e depois tingidas com guache opaco para produzir os tons fortes encontrados nestas pinturas de areia. As cores básicas são azul, vermelho, amarelo e verde com três tonalidades - o escuro, médio e o claro - num total de quatorze cores. A construção destas mandalas é um ritual que pode demorar até um mês com um ou dois monges devotando os seus dias nesta experiência meditativa. O desenho é ritualmente preenchido com areia colorida durante dias e depois é riscada nas quatro direções com o dorje do mestre e varrida sobre o tablóide onde foi feita e jogada num rio ou ao vento para representar a impermanência da vida. A areia que se torna abençoada através do processo de feitura da mandala é tida para beneficiar a terra ou rios onde ela é jogada. Os tibetanos acreditam que uma mandala de areia contém o conhecimento para se adqüirir iluminação dentro desta vida.

Mandalas no Ocidente
Existe também uma tradição de círculos de cura no Ocidente. Um simbolismo poderoso pode ser observado nas pinturas nativas do índio Americano, nas rodas medicinais e escudos de guerra. As rodas medicinais representamo universo, mudança, vida, morte, nascimento e aprendizagem. O grande círculo é a hospedaria de nossos corpos, nossas mentes e nossos corações. Apesar de existir muitos paralelos com as mandalas tibetanas, os nativos americanos nunca usaram a palavra para descever seus próprios círculos sagrados. Na Europa, as mandalas herméticas, apesar de desenhadas linearmente, podem ser também circulares. Simbolismos da Alquimia, Kabbalah, geometria e numerologia possuem um papel importante na criação e desenho destas. A arquitetura das catedrais góticas nos mostram um outro caminho para a iluminação os vitrais rosáceos foram construídos nos tempos da praga e da guerra. Como mandalas, eles eram construídos para ser um símbolo de iluminação do espírito humano. Sentando-se no escuro e contemplando a luz que vaza através dos desenhos inspirados nos proporcina uma experiência poderosa e reveladora.

Jung e as Mandalas
Foi Jung quem nos chamou a atenção desses desenhos circulares percebido por ele enquanto estudava religião Oriental. Ele percebeu que seus clientes experienciavam estas imagens circulares como "movimentos em direção a um crescimento psicológico, expressando a idéia de um refúgio seguro, de reconciliação interna e inteireza". Para Jung as mandalas são vasos ou embarcações na qual nós projetamos nossa psique que retorna a nós como um caminho de restauração. Ele reconheceu que figuras arquetípicas (símbolos universais) de várias culturas podiam ser identificados nesta expressão espontânea do inconsciente. Os círculos são universalmente associados com meditação, cura e o sagrado que podem funcionar como chaves para os mistérios de nosso reino interior, que se usados para esta finalidade podem nos levar de encontro com os mistérios de nossa alma.

De uma “Melhor Resposta” do Yahoo! de uma pessoa que se auto denomina Índio. Mas, com certeza ele tirou isso de algum livro que ele não especifica. Fiz algumas retificações.

Não dá prá devolver.


Às vezes me contam um caso e eu sei que não é verdade. A pessoa só está fofocando, falando sem saber ou passando pra frente, o que, a meu ver, dá na mesma. Dá vontade de revidar, de desmentir, de perguntar: - Quem te falou isso?! Mas eu fico calada. Na maioria das vezes, é porque me faltou foi presença de espírito mesmo. Aí, depois que me lembro do fato, fico irritada e, para variar, remoendo pensamento besta, achando que eu devia ter falado isso e aquilo. Acontece que eu não posso voltar no passado, a oportunidade já foi. Quando me lembro que é assim mesmo que devemos agir dentro da conotação budista, fico aliviada. Chego até a pensar que foi alguma deidade irada que segurou a minha língua!