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quinta-feira, 8 de abril de 2010

As alças da mente - Rosana Hermann


O pensamento pode voar, mas a mente gosta mesmo é de uma prisão. A mente gosta de prender-se voluntariamente a tudo o que não muda, ao que permanece, ao que se repete e ao que é sempre igual. Por isso, a mente adora lembranças e memórias. Porque o passado já passou e não pode ser mais mudado. O passado é permanente. A mente acha isso o máximo! É como administrar uma empresa onde nada pode dar errado. O medo da mente é justamente este, administrar imprevistos.
Outra coisa que a mente ama de paixão é o padrão, porque como o nome já diz, o padrão não muda. Um metro, uma hora, o mesmo caminho para o trabalho, voltar ao mesmo restaurante e sentar à mesma mesa, são padrões que toda mente humana gosta de repetir. Ah, que prazer que a mente sente quando a bunda senta na mesma cadeira que sentou na aula anterior! A repetição dá segurança, porque cria a falsa ilusão de que nada vai mudar. E se nada mudar, nada de ruim poderá acontecer. Tudo será igual, com o mesmo final feliz, como antes.
Crianças adoram ver filmes mil vezes porque se sentem seguras, porque podem antecipar as próximas cenas (se na vida fosse assim...) e porque têm certeza de como a história terminará. Já as mentes adultas, especialmente as obsessivas em qualquer grau, adoram a matemática. A matemática é a única ciência exata e imutável. Enquanto a física e química, a biologia, por exemplo, estão sujeitas a variáveis da vida
real, a matemática continua igual. Daí o fato de que toda mente obsessiva gosta de contar, manipular números. As contas são sempre exatas, não mudam. E se você contar todos os passos e chegar direitinho à padaria com seus mil passos, então, podemos concluir que sua mãe não vai morrer e nada vai dar errado no seu dia. Certo? Errado.
Errado porque a mente vive num mundo irreal. Mundo da mente é como caspa, só existe na sua cabeça. Tudo é mera ilusão. E, com perdão do excesso de realidade fisiológica, o mundo está cagando e andando pras suas ilusões mentais. Como o mundo já provou, uma batida de asas de borboleta na África pode influenciar mais a ocorrência de um tsunami na Ásia do que sua contagem de azulejos no banheiro. Porque a borboleta é real e seu pensamento, não.
O problema é que a mente não quer nem saber disso e provavelmente muitos já terão abandonado este texto nas primeiras linhas. Espertos, porque sabem que vou contar um segredo sobre eles: a mente fabrica alças. Sim, alças, onde ela, a mente, possa se apegar. Uma alça, como aquele putaqueopariu do carro, onde a gente segura a vida quando o motorista não é de confiança. Como o santoantonio dos jipes. A alça pode ser um nome, um amuleto, uma mania, uma repetição qualquer. A mente é chata, mas criativa, e assim, inventou a alça-sem-mala. Nesta alça ela se apega até a morte.
É uma crença, um dogma, uma frase feita, um chavão, um lugar-comum: "Angélica ficou mais bonita depois que teve filho"; "Vaso ruim não quebra"; "Jesus voltará"... Qualquer alça é boa pra mente: "A cadeia é a universidade do crime", "Direituzumanu só tem bandidu"... Se a mente se acha fraca, ela inventa uma alça para se sentir forte, tipo: "Sou feia, mas tô na moda".
A mente inventa que se a pessoa perder dez quilos vai ser feliz e tudo vai dar certo na vida. Troca nomenclaturas, pra se sentir por cima. Porque uma coisa é dizer que você tem TOC e outra coisa é assumir que você é um obsessivo chato, que ninguém agüenta conviver a seu lado e por isso você precisa de tratamento sério com remédio e tudo mais. A mente inventa alças pra não cair em si. Mas cair em si é a única forma de tomar consciência - primeiro passo para melhorar.
Portanto, remova todas as alças! Caia! Caia em si! Tá gordo? Então vamos emagrecer! Tá infeliz? Saia dessa, viva a vida, aproveite, Tá duro? 'Bora ganhar dineiro! Não fique aí com essa cara de passageiro do circular da eternidade vendo a vida passar na fresta da janelinha de um puta õnibus cheio, segurando firme na alça do medo, pois você tem que dar o sinal e descer para a liberdade do impresivísel!

Buda Akshobya



"O Buda Akshobya é a personificação do agregado da consciência personificada, o aspecto imutável e indestrutível do diamante. Ele é, então, o Buda da confissão, de purificação e de cura por excelência. Seu mantra possui um grande poder purificador. A recitação do mantra purifica os karmas negativos, notadamente os criados pelo não respeito aos votos tais como os Oito Preceitos do Mahayanna, os votos laicos, dos monges. Acontece o mesmo para os karmas muito negativos criados pelos Cinco Crimes Odiondos, o abandono do Santo Dharma ou as críticas feitas aos Aryas. Toda pessoa que ouve ou vê o mantra é protegida dos renascimentos nos reinos inferiores. É por isso que é muito benéfico recitar com compaixão o mantra na orelha dos seres vivos (humanos ou animais), sobretudo no momento da morte. Para os seres já mortos, pronunciar seus nomes e recitar o mantra em sua intenção cem vezes, mil vezes ou um milhão de vezes tem o poder de libera-los imediatamente, mesmo se eles estiverem presos num renascimento nos reinos inferiores."

Centre Kalachakra – Étude de Buddhisme et Meditation