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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando o mestre morre.

O problema da devoção é idêntico. Caso não seja solidamente estabelecida, a devoção corre o risco de ser efémera. Certos budistas, tibetanos ou outros, têm uma grande devoção por um mestre espiritual. Mas assim que esse mestre morre perdem-na de um momento para o outro. Como consideram que acabou tudo, os seus centros budistas locais fecham. No entanto, em termos absolutos, não faz qualquer diferença o mestre estar ou não presente em carne e osso. O mestre representa a natureza última do espírito e a sua compaixão não é limitada pela distância. Aquele que reconhece esta dimensão do mestre corre poucos riscos de se apegar à sua forma humana. Mesmo que o mestre tenha deixado o seu invólucro corporal, ele sabe que a partir da esfera do Corpo Absoluto as suas bênçãos e a sua actividade estão sempre presentes. Quer o mestre esteja ou não entre nós não muda nada. É sempre possível meditar sobre ele *.

* - No Budismo Vajrayana, o mestre autêntico, a quem o discípulo se liga intimamente, tem por única finalidade revelar a este último a sua verdadeira natureza. Num primeiro tempo, a fé no mestre permite ao discípulo abrir-se a uma realidade mais profunda e ao mestre fazer com que o espírito do discípulo amadureça. No final do caminho, mestre e discípulo são um só: aquele que decobriu a verdadeira natureza do seu espírito, inseparável do «Corpo Absoluto» de Buda, o conhecimento e a compaixão desde sempre presente. Por esta razão, quem se apegar à forma exterior do seu mestre é incapaz de compreender esta realidade e tudo o que retira da sua ligação com o mestre não é mais do que retiraria da relação com um ser comum.