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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sempre zen...

Charlotte Joko Beck
Minha cadela não se preocupa com o significado da vida. Ela pode se preocupar em receber ou não a refeição pela manhã, mas não se senta preocupada em conseguir ou não a realização, a libertação, a iluminação. Desde que receba um pouco de comida e afeto, a vida lhe corre bem. Porém nós, seres humanos, não somos como os cães. Temos mentes centradas em si mesmas que nos remetem a muitos
problemas. Se não entendermos o equívoco em nossa forma de pensar, nossa autopercepção, que é nossa maior bênção, torna-se também nossa perdição.

Se eu lhes dissesse que sua vida já é prefeita, completa e inteira exatamente do jeito que está, vocês pensariam que estou maluca.

Se eu pudesse raspar o verniz e ir um pouco mais fundo do que do que a superfície de qualquer pessoa, encontraria medo, dor e uma ansiedade desvairada.

Com o tempo, o meio de acabarmos enxergando sua irrealidade está em apenas deixar correr o filme. Depois de o assistirmos umas quinhentas vezes, sem dúvida, ele acaba se tornando monótono.

(...) opiniões, julgamentos, devaneios a respeito do futuro, noventa por cento dos pensamentos que giram em nossa mente não tem qualquer realidade essencial.

O mestre não está ali só para ser simpático conosco.

O que na verdade existe num sesshim zen é muito cansaço, tédio e dor nas pernas. O que aprendemos com o ficar obrigatoriamente sentados em silêncio suportando todo esse desconforto, é tão valioso que, se não existisse, deveria ser criado. Quando sentimos dor não entramos na vertigem mental. Temos que ficar com a dor. Não há para onde ir. De modo que a dor é, na realidade, muito valiosa.

Buda nada mais é do que aquilo que você é exatamente agora: ouvir os carros, sentir a dor nas pernas, ouvir minha voz. Isso é Buda.