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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Pantajali - O Sábio Hindu


"Patanjali foi um dos maiores psicólogos em yoga. Justamente ele e a época exata de sua existência permanecem um mistério. Mas os historiadores concordam em que ele reuniu em seus famosos sutras a melhor síntese de yoga jamais compilada. Sua obra consistiu em editar idéias correntes durante centenas de anos, condensando esta riqueza de material numa súmula altamente seletiva. Esta súmula chamada Yoga-Sutras pode ser adquirida em várias traduções, mas eu advirto o leitor que, embora se trate de uma fonte básica das teorias de yoga, seu estudo significa um labor muito árduo.

É de se lembrar que Pantajali escreveu para contemporâneos seus e não para a posteridade. Ademais, escreveu para indivíduos que estavam trilhando a senda da yoga e não para principiantes. Assim, com brilhante economia, ele pode, numa visão telescópica reduzir a sentenças, capítulos inteiros e a palavras, parágrafos completos. É por isso que, conquanto todos os Sutras ocupem menos de dez páginas de tipos graúdos, ofereceram um bem elaborado esboço de Psicologia e Filosofia.

Pantajali não se preocupou com arguições convincentes ou particulares. Suas declarações são feitas 'friamente', não dialeticamente. Ele sabia que seus seguidores não precisavam ser convencidos. Tudo o que solicitavam era uma teoria compreensiva à qual pudessem ajustar fatos verificados por experiência pessoal. Patanjali a deu numa dose notavelmente pequena.

No ocidente acostumamo-nos a associar meditação com místicos e monjes. Patanjali não alimentava tal ilusão. Aconselhava todos a exercitá-la como um primeiro passo para a auto compreensão. 'Que mais natural do que estudar a mente por tal observação interna?' parecia ser a pergunta. Contudo, antes de alguém começar a compreender a mente, tem que discipliná-la e treiná-la na técnica da compreensão. Daí, a grande soma de análise introspectiva que acompanha todos os ensinamentos tradicionais de yoga, não sendo nenhuma exceção os de Pantajali.

Nosso moderno instinto científico tenderia a rejeitar estas práticas meditativas, considerando-as um simples truque. Porém, com igual direito poderia o yogue recusar nossos próprios inventos científicos es estatísticas estéreis. Ele os rejeitaria porque somente arranham a superfície. Diria que tais resultados eram em todo caso, falíveis por estarem sujeitos a interpretações por mentes não treinadas em discernir a realidade da ilusão."

Desmond Dunne - Yoga ao Alcance de Todos - pág. 116/117